sexta-feira, 17 de junho de 2011

Liz e Burton, amor gostoso e rasgado


Brigas, tapas e beijos. Reconciliações e anel de diamante no dedinho dela. Casaram-se e divorciaram-se por duas vezes.Ele bebia até o fígado dizer chega e ela comia até o estômago explodir. Tudo em suas vidas foi um exagero, mas pergunto-lhes: quem já amou certinho? Não mintam para si mesmos. Sabemos que jamais haverá sensatez onde flameja o fogo de eros.
Richard Burton foi o maior ator shakespeariano de todos os tempos e seu desempenho nos filmes era, simplesmente, irretocável, perfeito. Homem simples e afetuoso até com desconhecidos. Costumava rodar de táxi por New York e parava o carro para pessoas em apuros no trânsito. Foi numa dessas que deu carona a um jornalista brasileiro, ficando alucinado quando soube da sua nacionalidade:
"- Eu vou ao Brasil só para rever o meu amigo Fonseca!" Dizia ao carona brasileiro.
"- Por acaso, você conhece o Fonseca?"
Não, ninguém conhecia o tal Fonseca, só ele, embriagado que estava pela saudade que sentia do velho amigo.
Elizabeth Taylor, a Cleópatra mais sedutora do cinema e par romântico de James Dean em Assim Caminha a Humanidade, não nos deixava descolar os olhos da tela quando aparecia em close. Uma deusa inglesa na América.

Perguntada se sentia vergonha das supostas surras que levava de Burton, respondia com fina ironia na voz:"- Meu caro, eu acho que você já deveria saber que pancada de amor não dói."
Um dia desses, paixão acesa em seus olhos de matizes violáceos, Liz se uniu definitivamente ao seu Marco Antonio (Burton por ela se apaixonou ao fazer esse papel) e, daqui da terra, os vejo fazendo amor em pleno set cinematográfico do paraíso onde residem os amantes imortais.
Não importa, amor gostoso e rasgado não tem hora nem lugar para acontecer.
A música para acompanhar esse eterno idílio?
Tony Bennett, Stranger in Paradise.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Ao meu Cunhado

Pássaro Livre

Atravessa o céu


Segue tranquilo no seu voar solitário

Choca-se com o infinito

Beijando o azul do azul do azul...azul

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Férias Estradas e Paisagens

- Vá de avião! É mais rápido.
Discordei prontamente:
- Prefiro a magia da janela do ônibus, pois através dela posso ver essas estradas se descerrando na sua real plenitude. Vejo essa terra forte, fértil, viril e vermelha de onde nascem árvores centenárias, matos e lugarejos humildes onde habita o nosso povo. Esse, sim, é o verdadeiro Brasil que eu gosto de sentir bem de pertinho, sem falso patriotismo, pode crer.Portanto, nada de rapidez, ao contrário, prefiro ser lenta, lentíssima ao me reencontrar com cada pedacinho desse meu torrão nacional. A cidade fotografada chama-se Itapeva, fica situada no sudoeste paulista, um pedacinho do paraíso e o SUS de lá funciona. Mas chega de blá, blá, blá e vamos ver as fotos? Bye Bye Brasil com Chico Buarque, vale a pena ouvir de novo. Vamos lá, grande Chico?





segunda-feira, 25 de abril de 2011

Uma Francesinha na Família

Importada de Paris, usando seu pretinho básico, ela foi se entrosando na família através das mãos e dos olhos perspicazes do nosso pai. Daí por diante, todas nós, as suas meninas, fazíamos poses de artistas, mas tudo em preto e branco e aquele homem apaixonado por fotografia não deixava passar uma chance, um momento sequer da nossa infância para nos pegar nos ângulos mais interessantes, a ponto de nos arrastar da cama aos domingos para fazermos gracinhas e esboçarmos aquele sorrisinho bobo de "olha o passarinho."Mas o tempo, senhor supremo do universo, fechou os olhos do nosso fotógrafo mais sensível e amado. A francesinha foi ficando surrada e acabou abandonada no fundo do armário. Zanguei-me com esse cara tão impiediso que, além de arrancar de nós o doce pai e fotógrafo, também tentou lançar a nossa francesinha no mofo do esquecimento. Aqui está ela, meus amigos!
Sem uso,solitária, mas inteira e orgulhosa pelos bons serviços prestados à família, embora aquele olhar por trás da lente tenha se apagado para sempre e as suas meninas tenham crescido e se separado para seguirem seus destinos. Sem choro, sem lamentos, deixo aqui registrada uma saudade insistente que teima em não me largar.
Só uma música também francesa, tida como aquela dos versos mais perfeitos da história musical de todos os tempos, poderia nos envolver nesse clima tão confessional. Ouçamos 'Ne me quitte pas' com seu maravilhoso criador, Jacques Brel, que a interpreta de forma triste após a perda da mulher amada. Perder aqueles que amamos nunca será fácil.
"Não me deixes...
Não me deixes...
Não me..."

Amigos, estamos saindo de férias. Volto ao final de maio, se Deus quiser!
Au revoir!!!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Rezando para o dia amanhecer

O psicanalista Carl Gustav Jung passou quase toda a sua longa existência pesquisando mitos e símbolos de todos os povos e culturas da humanidade. E vindo parar aqui, na América do Sul, encontrou-se com uma comunidade indígena peruana que lhe afirmava com fé que deveriam subir a montanha de madrugada e rezar para o sol nascer. Curioso, o grande pesquisador perguntou-lhes: - E se vocês deixarem de fazer esse pedido ao sol, o que poderá acontecer? Um deles, respondeu-lhe: - Se não rezarmos, a terra se acabará. Essa foi a missão que os nossos antepassados nos confiaram e a cumpriremos até o último dos nossos dias. Sempre pensei nesse episódio e agora, em face de tão graves ameaças à vida na terra, volto-me mais e mais para esses questionamentos metafísicos. Peço-lhes somente que nos ajudem a responder as seguintes indagações: Será que os Índios Pueblos deixaram de rezar? Extinguiu-se a comunidade que cumpria com tanto rigor esse ritual milenar? Em caso afirmativo, quem rezará todas as madrugadas para que os dias continuem a amanhecer? JOÃO NOGUEIRA:Êta compositor, cantor, poeta maior e inesquecível que o Brasil ainda ama e amará sempre, de paixão! Ele aí vem, cantando para limpar as águas de todos os mares. Exorcizando, assim, os males daqueles que pensam que mandam e desmandam e, insanamente, tentam nos destruir com intuitos inescrupulosos, mas não conseguirão. Só podia ser "Das 200 pra lá" ou,como ficou conhecido popularmente,"Esse Mar é meu". Com certeza,esses mares,oceanos e águas pertencem a todos os seres viventes do nosso sagrado Planeta. Vamos nessa, João?

segunda-feira, 21 de março de 2011

Ninguém me Avisou que o Mundo Acabou

Eu pretendia falar do Japão, mas lembrei-me de Chernobyl, mas lembrei-me do Césio no Brasil. Lembrei-me das crianças morrendo na África, da Guerra da Bósnia, crise em Portugal, guerra sangrenta na Líbia, o desemprego no mundo. Chega!
Conclusão:
O mundo acabou e ninguém ainda me avisou. Mas a lembrança de um antigo festival da MPB, onde surgia o profético e irreverente Eduardo Dusek, trouxe-me a salvação para esse post. Chamava-se Nostradamus, a música, e está aqui ao lado. Vai valer a pena ouvir de novo! Ouçam, eu tô pedindo.
Na primeira imagem, vemos a beleza nevada do Monte Fuji. Esse era o Japão dos nossos sonhos, sereno e com as suas cerejeiras em flor.
Já na segunda, encontramos uma das cenas do filme Rapsódia em Agosto do genial, premiado e ESQUECIDO, Akira Kurosawa. Os moderninhos - se ainda estiverem vivos - o acham ultrapassado. O notável criador de Ran e Os 7 Samurais tascou nas nossas caras o resultado do alto preço que estamos pagando pelo tal progresso a qualquer custo. Um desenvolvimento perverso onde a vida humana e a saúde do nosso planeta não valem absolutamente nada.
JAPÃO:
População: 128 milhões de habitantes e todo mundo comendo, bebendo, trabalhando (não vamos negar) e usufruindo de uma tecnologia fora de série, estupenda, sem precedentes no mundo ocidental.
População de Tóquio: 30 milhões de pessoas concentradas na maior área metropolitana do mundo, é muita gente junta, fico me coçando só de imaginar.
País insular com 6.852 ilhas, muitas delas vulcânicas, detém em seu território 55 usinas nucleares que sustentam toda essa enormidade de confortos e coisas que tais.
Fukushima em chamas e a megalomania de muitos virando fumaça,radioatividade, mortes, sofrimento e dor. O mito caiu e o santo era de barro, os grandes cientistas não conseguiram prever e, principalmente, prevenir uma catástrofe de tamanha magnitude.
Dessa vez, meus amigos, a culpa não foi de Deus!
A lição foi dura, temos que repensar tudo de novo.
Do comecinho, ou...

quarta-feira, 9 de março de 2011

Olhos de Espuma

Um par de olhos espreitavam aquele minucioso e pormenorizado ritual. Vanda destacava a tampa da lata de sabão pastoso que, por sinal, mostrava uma aparência rutilante ao sol e um aroma que de tão penetrante invadia todas as casas da vizinhança.
Degraus de mármore alvíssimos eram esfregados palmo a palmo pelas mãos ágeis daquela senhora. Em consequência, bolhas transparentes e coloridas surgiam para extasiar aqueles olhos observadores. Olhos que escorregavam na espuma de um passado sem retorno, obscuridade.
Na face de Vanda havia uma expressão contida, mas satisfeita, nada mais.
O trabalho iria se repetir sempre, dia após dia. A escadaria branca ia ficando mais e mais clara, transparente, até desaparecer no tempo-espaço da relatividade einsteiniana.
Os olhos viam. A mente não correspondia.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Filmes espiritualistas, mas sem preconceitos, OK?

Anda acontecendo um fenômeno, no mínimo, muito interessante no cenário cinematográfico mundial. Direto ao assunto e, por favor, vamos encarar as coisas com a mente aberta, sem aqueles resquícios de "essa não é minha religião", "sou ateu de carteirinha", aquelas bobagens todas. Vamos crescer, por favor.
Comecemos por aqui mesmo, no Brasil, onde foram lançados, já faz um tempinho, dois filmaços sobre a imensa obra mediúnica de Francisco Cândido Xavier, o nosso generoso e despojado Chico Xavier que vendeu uma fortuna em livros, mas não ficou com um níquel sequer; viveu e morreu modestamente da sua aposentadoria.

O filme Nosso Lar retrata com acerto e de forma fidedigna as intempéries da vida além-túmulo. Cenários computadorizados, modernos e uma linha de grandes atores.Não perde nem mesmo para os filmes internacionais, é bom.

O outro é a própria biografia de Chico Xavier - esse também o título -, onde documentário e filmagem dos episódios mais marcantes da sua longa existência são misturados na dose certa. Sem erro, um filme imperdível e com uma passagem até cômica quando Chico que tinha medo de avião, ficou aterrorizado ao viajar em um deles, sendo severamente recriminado por seu guia espiritual, Emmanuel. Mas continuou a gritar feito louco no avião, mostrando que mesmo as pessoas mais elevadas, moral e espiritualmente, também têm seus momentos de fragilidade.

O terceiro é Meu tio Boonniee e suas Vidas Passadas. Aqui, eles não facilitam para o grande público, é arte pura, mas com fundamentos budistas e nada, nada ocidental. Um homem vai para a floresta da Tailândia com alguns familiares e de forma naturalista, sem efeitos especiais, se reencontra com familares já falecidos e outras lendas que povoam o imaginário desse país. O filme levou, com muita justiça, o Cannes de 2010 e está arriscado a arrebatar o Oscar de melhor filme estrangeiro. Para ver duas vezes. Uma só, não dá, gente.

Comer, Rezar, Amar é bastante hollywoodiano, mas transcorre bem, apesar dos clichês. Julia Roberts que renasce das cinzas (ela andava muito caidinha) no papel de uma mulher rica e malamada, encontra um velho guru que lhe diz tudo sobre o passado, presente e futuro. Ela reza no Cambodja, capital do Vietnã, come na Itália (e muito) e encontra o amor de sua vida no personagem de Javier Bardem que, curiosamente, faz o papel de um empresário brasileiro com sotaque espanhol. Lógico, né? O Bardem nasceu na Espanha. Imagens bonitas e, felizmente, tudo acaba bem. Podemos assisti-lo sem desgosto.

Ah, queria assinalar também um seriado muito bem feitinho que é o Ghost Whisperer. Nesse, vocês vão sentir um pouquinho de medo, pois os espíritos sofredores aprontam poucas e boas antes de se renderem ao charme da talentosa atriz Jenifer Love Hewitt. Os episódios são curtos, mas têm uma equipe técnica de primeira, composta até de médiuns renomados que prestam assessoria ao seriado. Legal mesmo! Eu adoro!

E para encerrar, vamos ao Biutiful (é assim mesmo que se escreve, não errei não, pelo menos, dessa vez). Pessoal, coisa de gênio, viu? Outra vez e sempre, o super ator, Javier Bardem dá um show de interpretação. Um homem doente, desempregado e com dois filhos pra criar (sentiram o drama?), lá no México (meu Deus!), um pária social que vive de golpes e trambiques, porém, recebe uma ajudinha dos desencarnados...enfim, vejam!
Falando um pouco sério agora, será que essa tal explosão de espiritualidade não se deve também ao declínio do materialismo em que vivemos mergulhados e agora, com as crises americana e européia, muita gente boa está parando para fazer suas reflexões?
É o velho e bom ditado: " Se não vai por amor, vai pela dor!"
Inté!
Fui!
Mas eu volto...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Dissolveram o Dedo de Deus em Teresópolis


Teresópolis da minha infância. Crianças rolando na grama e o aroma das flores silvestres infiltrando-se nas nossas respirações, pulmões cheios do ar mais puro do planeta. As brumas da manhã trazendo aquele frescor esbranquiçado às serras, enquanto o Dedo de Deus (a montanha mais especial depois do Himalaya - não, não, O DEDO DE DEUS será sempre mais importante para mim, devo ser franca) apontava para o alto, só para nos dar a certeza de que a felicidade seria eterna. Felicidade eterna, que utopia é essa, menina?
Certo dia, que ninguém imaginava que chegasse mas, desafortunadamente, chegou, o tempo fechou-se, ficou zangado, veio o dilúvio. Deus retirou seu sagrado dedo da nossa paisagem e o apontou para os homens ambiciosos e tolos que construíram suas mansões irregulares nas encostas. A grama transformou-se em lama. Tudo e todos se sujaram, se enlamearam. Mortes soterradas, sonhos irremediavelmente perdidos.
Foi-se também no despencar das mais de oitocentas vidas uma das minhas mais doces e caras lembranças, perdeu-se mais essa. Estamos ficando pobres em boas lembranças e o tempo da inocência já passou.Não volta...

Não queria ficar falando em tragédias, pois seria uma redundância. A vida, por si só, sempre foi e será uma imensa e caótica tragédia, daquelas que só os gregos sabiam produzir.
Adeus, Região Serrana do Rio!
Paz para seus mortos, soterrados numa avalanche de pesadelos horrendos!
A música de hoje não há. Calaram-se as vozes dos cantores e os instrumentos estão desafinados. Nem os pássaros podem ser chamados, foram assassinados por nosso total e sórdido desrespeito à natureza.