terça-feira, 21 de agosto de 2012

Você sabe o que andam fazendo nossos vizinhos latino americanos?

Cinema, pra variar. E dos bons!
Tem sido uma atitude imperdoável para nós, brasileiros, ao longo de tantas décadas, ficarmos nessa atitude burra e esquizofrênica de ignorarmos os costumes, a vida e, principalmente, a cultura latino americana. Aqueles que gostam de simplificar as coisas, dirão que tudo se deve à nossa colonização portuguesa. Nada disso, sempre houve uma atitude, no mínimo, perversa em relação ao tratamento que damos aos povos que vivem coladinhos às nossas fronteiras. Bem, mas não vou elaborar aqui, a essa altura do campeonato, nenhuma tese sócio-cultural.
Voltemos às telas do cinema, e acompanhem comigo esses breves toques cinematógraficos - têm que ser breves, pois o que já assisti de cinema sul americano não caberia nem aqui, nem em mais dez resenhas seguidas.
Sabem quantos anos o nosso sofrido Paraguai ficou sem fazer cinema? Uns trinta e tantos anos, é brincadeira? Não, não tem nenhuma brincadeira nisso. Na verdade, nada tem sido fácil para os paraguaios desde aquela "guerrinha" em que o Brasil aniquilou sua florescente economia e trucidou quase toda a sua população civil. Quando ouço falar em guerra do Paraguai só sinto vergonha. Aquilo foi uma covardia histórica, pode crer!
Hamaca Paraguaya (Hamaca quer dizer, em guarani, rede de dormir) é um filmaço que dá de dez a zero em muita coisa que passa por aí com falsos requintes de cultura. Um trabalho simples, sem pirotecnias ou efeitos especiais retumbantes . Apenas um casal de idosos que vive isolado num sítio modesto, muito pobre e à espera do único filho que foi levado para a guerra, e nunca mais voltou. Um lugar onde só se espera por uma chuva benfazeja que nunca vem, mas no final da história, ouve-se uma trovoada, ou seja, a esperança da chuva que umidifica a terra e faz  brotarem as sementes dos sonhos do povo paraguaio em dias melhores.
 Em termos de filmes colombianos, temos dezenas de boas películas, mas o "Dog Eat Dog" (a tradução literal seria Cão Comendo Cão,  mas ainda não há um título definitivo) tem um roteiro fascinante, sendo uma espécie de mistura psicológica, aliada a  uma dose na conta certa de violência real e crua, mas sem cair no chavão da velha historia do tráfico de drogas que vivem a impingir à nação colombiana. Uma hipocrisia, já que sabemos de cor e salteado que o vício das drogas ilícitas - e também das lícitas - circula de ponta a ponta do planeta e, com muito mais frequência nos países ditos civilizados. Legal mesmo! Podem ver sem susto.
E os argentinos? Ah, esses então, não perdem tempo. Eles vão desde às fortes denúncias aos regimes totalitários, passando também por temas nunca dantes explorados, como por exemplo, o hermafroditsimo. Destacamos aqui a ótima atuação de Ricardo Darin, um ator do porte dos melhores do cinema internacional. Imbatível, esse Darin!
Agora, rumo ao Uruguai com "El Baño del Papa" (O Banheiro do Papa). Bem, como costumamos dizer por aqui, seria cômico se não fosse trágico. Uma pequena cidade do Uruguai aguarda e se prepara para a vinda do Papa, mas nem tudo sai como se prevê. Vale a pena parar para ver!
Há ainda a incrível biografia de Violeta Parra, desde a sua infância com um pai alcoólatra que só lhe deixou de herança a miséria e um violão,até o seu suicídio. Filme muito bem dirigido pelo diretor chileno, Andrés Wood, Violeta Parra foi para o céu é um primor em tudo, desde os cenários andinos, ao desempenho dos seus atores. Do mesmo diretor, temos ainda o "Machuca", um menino que sofre (e como sofre!) o terror da implantação da ditadura chilena. Vamos ver? Vamos sair da mesmice do nosso mundinho de faz de conta?
Gente, vou parando por aqui, mas não posso deixar de fazer uma "certa provocação" aos nossos heróicos cineastas brasileiros: amigos, aprendam a fazer cinema com os nossos vizinhos.
Tô indo nessa!