sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Um corpo que não caiu

Vertigo do velho Hitch trouxe-me, desde menina, a certeza de que havia um grande mistério na queda livre, louca e vertiginosa dos cabelos louros de Kim Novak. Passei a querer ser ela. Fui um pouco a Kim.
Passados mais de cinquenta anos - e passarão mais de cem - cada cena reacende aqui dentro de mim o mais lúdico daquela experiência marcante.
A vertigem e paixões arriscadas daqueles protagonistas fizeram-me sofrer o deslumbramento das cores oníricas dos teus cenários, caro Hitch.
O cinema é parte integrante e entranhada da minha vida, meu pai escondia a minha idade para ludibriar o bilheteiro. Eu tinha cinco, mas ele afirmava que eu tinha oito. Assim, adentrávamos naquele templo escuro, mágico e meio sensual, pois por ali haviam mãos vadias que tentavam afagar pernas adolescentes.
Rodrigo, um dos maiores (e tímidos) cinéfilos do Brasil veio, por fim, e ensinou-me mais, amando-me muito mais. E dessa maneira, fez-se um amor fora da tela, ou melhor, na grande tela da vida.
Ando ausente de vocês, amigos. Queiram me perdoar. Vou afastar-me ainda mais um pouquinho, mas volto, sempre volto...