sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Na Barraca do Pitoco

Célere, passa na calçada, um carrinho de rolimãs com Pitoco no comando. Cabeça, braços e sem as pernas.
Pernas, membros desnecessários, pois o garoto se locomove com a precisão de um piloto de fórmula-1.
- Sai da frente, minha gente!
A barraca do moleque é sortida de revistas, velhos discos de vinil e quinquilharias tão mágicas que quem já viu não se cansa de revê-las. As pessoas fazendo fila e trazendo em suas sacolas plásticas o verde da Esperança e a cor-de-rosa do Amor.
Cuca fresca e sem ter pernas, mesmo assim, eu não me arrisco a dizer que deva haver no mundo alguém mais feliz que Pitoco.
Felicidade não é ter corpo de deus grego nem diploma de doutor. Pare um pouco pra pensar e um dia, quem sabe, você até vai descobrir. A ficha vai cair, eu garanto.
E lá vem Roberto Ribeiro no seu Trem de Luxo da Central, indo lá pra Madureira onde há o maior comércio popular desse belo Rio de Janeiro. Capital do samba onde nasceu Natal da Portela que, com um braço só, fez coisa que você não faria. E só para terminar, preciso subir as escadas da Serrinha e beijar Vovó Maria Joana, Rainha do Jongo, herdeira das danças d'África para o Brasil transplantadas.
Tô indo nessa, moçada!
E você, não vem?