O lugar (The Zone) possui vida e regras próprias de conduta e, aos poucos, o cenário vai mudando. As cores, antes sombrias, vão-se cambiando, tudo clareando até ficarem límpidas como a água que, sem dúvida, é o elemento mais presente nesse trabalho ímpar de Tarkovsky. O sol vem depois e com a sua luz liberta o homem e a natureza. Aqui, os arbustos estão em plena florescência e o stalker abraça a relva em flor, deita-se sobre a terra e parece contactar-se com a alma telúrica. Não esperemos efeitos especiais de uma obra como essa que por si só desafia a todos pela sua profundidade filosófica, metafísica e também espiritual.
Simbolismos em cima de simbolismos,camadas e mais camadas de subtextos, metalinguagens e metáforas. Quem tiver a ventura de assistir Stalker o interpretará de acordo com o seu material inconsciente ou com a sua bagagem de vida, "pense o que quiser", poderia ter dito Tarkovsky. Daí, esse filme ter marcado tanto o seu autor quanto quem o assiste. Stalker perpetuou-se e transformou-se num enigma de infinitas vertentes. Não tentemos explicar o inexplicável.
"O que vocês querem de mim?"
"Por que querem me devorar?"
Essas são apenas duas das questões que o caminhante nos propõe. Não nos esqueçamos da esfinge desafiando Édipo: "Decifra-me ou te devoro!"
Andrei Tarkovsky - 1932/1986..."Por que querem me devorar?"
Essas são apenas duas das questões que o caminhante nos propõe. Não nos esqueçamos da esfinge desafiando Édipo: "Decifra-me ou te devoro!"
Ithamara Koorax, quem se lembra? Voz possante, afinada e presença de palco avassaladoramente bela ao interpretar Se eu Quiser Falar com Deus.
Vamos, vamos ouvi-la...
Vamos, vamos ouvi-la...