sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Filmes espiritualistas, mas sem preconceitos, OK?

Anda acontecendo um fenômeno, no mínimo, muito interessante no cenário cinematográfico mundial. Direto ao assunto e, por favor, vamos encarar as coisas com a mente aberta, sem aqueles resquícios de "essa não é minha religião", "sou ateu de carteirinha", aquelas bobagens todas. Vamos crescer, por favor.
Comecemos por aqui mesmo, no Brasil, onde foram lançados, já faz um tempinho, dois filmaços sobre a imensa obra mediúnica de Francisco Cândido Xavier, o nosso generoso e despojado Chico Xavier que vendeu uma fortuna em livros, mas não ficou com um níquel sequer; viveu e morreu modestamente da sua aposentadoria.

O filme Nosso Lar retrata com acerto e de forma fidedigna as intempéries da vida além-túmulo. Cenários computadorizados, modernos e uma linha de grandes atores.Não perde nem mesmo para os filmes internacionais, é bom.

O outro é a própria biografia de Chico Xavier - esse também o título -, onde documentário e filmagem dos episódios mais marcantes da sua longa existência são misturados na dose certa. Sem erro, um filme imperdível e com uma passagem até cômica quando Chico que tinha medo de avião, ficou aterrorizado ao viajar em um deles, sendo severamente recriminado por seu guia espiritual, Emmanuel. Mas continuou a gritar feito louco no avião, mostrando que mesmo as pessoas mais elevadas, moral e espiritualmente, também têm seus momentos de fragilidade.

O terceiro é Meu tio Boonniee e suas Vidas Passadas. Aqui, eles não facilitam para o grande público, é arte pura, mas com fundamentos budistas e nada, nada ocidental. Um homem vai para a floresta da Tailândia com alguns familiares e de forma naturalista, sem efeitos especiais, se reencontra com familares já falecidos e outras lendas que povoam o imaginário desse país. O filme levou, com muita justiça, o Cannes de 2010 e está arriscado a arrebatar o Oscar de melhor filme estrangeiro. Para ver duas vezes. Uma só, não dá, gente.

Comer, Rezar, Amar é bastante hollywoodiano, mas transcorre bem, apesar dos clichês. Julia Roberts que renasce das cinzas (ela andava muito caidinha) no papel de uma mulher rica e malamada, encontra um velho guru que lhe diz tudo sobre o passado, presente e futuro. Ela reza no Cambodja, capital do Vietnã, come na Itália (e muito) e encontra o amor de sua vida no personagem de Javier Bardem que, curiosamente, faz o papel de um empresário brasileiro com sotaque espanhol. Lógico, né? O Bardem nasceu na Espanha. Imagens bonitas e, felizmente, tudo acaba bem. Podemos assisti-lo sem desgosto.

Ah, queria assinalar também um seriado muito bem feitinho que é o Ghost Whisperer. Nesse, vocês vão sentir um pouquinho de medo, pois os espíritos sofredores aprontam poucas e boas antes de se renderem ao charme da talentosa atriz Jenifer Love Hewitt. Os episódios são curtos, mas têm uma equipe técnica de primeira, composta até de médiuns renomados que prestam assessoria ao seriado. Legal mesmo! Eu adoro!

E para encerrar, vamos ao Biutiful (é assim mesmo que se escreve, não errei não, pelo menos, dessa vez). Pessoal, coisa de gênio, viu? Outra vez e sempre, o super ator, Javier Bardem dá um show de interpretação. Um homem doente, desempregado e com dois filhos pra criar (sentiram o drama?), lá no México (meu Deus!), um pária social que vive de golpes e trambiques, porém, recebe uma ajudinha dos desencarnados...enfim, vejam!
Falando um pouco sério agora, será que essa tal explosão de espiritualidade não se deve também ao declínio do materialismo em que vivemos mergulhados e agora, com as crises americana e européia, muita gente boa está parando para fazer suas reflexões?
É o velho e bom ditado: " Se não vai por amor, vai pela dor!"
Inté!
Fui!
Mas eu volto...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Dissolveram o Dedo de Deus em Teresópolis


Teresópolis da minha infância. Crianças rolando na grama e o aroma das flores silvestres infiltrando-se nas nossas respirações, pulmões cheios do ar mais puro do planeta. As brumas da manhã trazendo aquele frescor esbranquiçado às serras, enquanto o Dedo de Deus (a montanha mais especial depois do Himalaya - não, não, O DEDO DE DEUS será sempre mais importante para mim, devo ser franca) apontava para o alto, só para nos dar a certeza de que a felicidade seria eterna. Felicidade eterna, que utopia é essa, menina?
Certo dia, que ninguém imaginava que chegasse mas, desafortunadamente, chegou, o tempo fechou-se, ficou zangado, veio o dilúvio. Deus retirou seu sagrado dedo da nossa paisagem e o apontou para os homens ambiciosos e tolos que construíram suas mansões irregulares nas encostas. A grama transformou-se em lama. Tudo e todos se sujaram, se enlamearam. Mortes soterradas, sonhos irremediavelmente perdidos.
Foi-se também no despencar das mais de oitocentas vidas uma das minhas mais doces e caras lembranças, perdeu-se mais essa. Estamos ficando pobres em boas lembranças e o tempo da inocência já passou.Não volta...

Não queria ficar falando em tragédias, pois seria uma redundância. A vida, por si só, sempre foi e será uma imensa e caótica tragédia, daquelas que só os gregos sabiam produzir.
Adeus, Região Serrana do Rio!
Paz para seus mortos, soterrados numa avalanche de pesadelos horrendos!
A música de hoje não há. Calaram-se as vozes dos cantores e os instrumentos estão desafinados. Nem os pássaros podem ser chamados, foram assassinados por nosso total e sórdido desrespeito à natureza.