terça-feira, 12 de março de 2013

Filhas das Estrelas - Parte 3

Petrônio pergunta, mas antes mesmo que Célia tenha tempo de pensar, ele mesmo toma a iniciativa de mudar o rumo da conversa, numa espécie de arrependimento, o que lhe aprofunda as rugas do rosto.
- Deixa pra lá! Vamos ter o momento certo para tratarmos disso e muito mais. Precisamos mesmo é pegar esse helicóptero e sairmos logo daqui, esse lugar é perigoso para vocês, eles estão lhes seguindo.
O coração de Célia bateu acelerado, estava com muito medo, a visão daquele aparelho e o destino desconhecido a deixaram paralisada.
O piloto gritou lá da cabine: - Sem medo, gente! Temos pressa!
Para entendermos mais as apreensões dessa mulher, teremos forçosamente que traçar um breve perfil das atividades de César Donato, seu marido. Então, vamos a ele.
Don, como era mais conhecido, viveu uma infância pobre como trabalhador rural, sem tempo de ter infância. Certo dia, acordou com planos de fugir de casa e, maltrapilho, sem sapatos, pegou uma carona numa caminhonete e foi para a capital. Menino lúcido e maduro para a sua idade, trabalhou muito duro, mas matriculou-se numa escola e com o salário minguado de faxineiro, foi traçando seu destino. Por fim, formou-se em Ciências Biológicas e tornou-se professor universitário.Como mérito de toda essa vida de estudos e labor, foi convidado a ser cientista num grande laboratório de genética humana e animal.
Conheceu Célia numa festa infantil - ela era professora primária do jardim de infância. Não era lá uma beldade, além disso, as grossas lentes dos seus óculos para miopia, escondiam os tons naturais daqueles olhos meio cinzentos, meio azulados que lhe emolduravam a tez clara. Mas quem poderia explicar esse mistério do amor à primeira vista?
Íris nasceu, a casa encheu-se de uma energia boa, mágica; sons de risadinhas infantis, aromas de leite materno, roupinhas cor-de-rosa no varal. Dois anos se passaram assim, felicidade ilimitada e roseiras brancas no jardim. Porém, Don, pouco a pouco, passou a dispender mais tempo e energia no laboratório. Célia percebia também que as conversas se tornavam mais curtas e ríspidas quando se tratava em dar explicações para essas mudanças.
Que pesquisas realizava Don? E por que não se aprofundava no assunto?
Na próxima e última parte, teremos todas essas indagações respondidas.
Mais uma vez, fico-lhes muito grata!
Até lá!