Ele sempre se sentia perdido quando tinha que optar entre isso ou aquilo E aí vinha aquele desespero antes e depois daquelas escolhas obrigatórias do dia a dia.
Foi numa dessas ocasiões, mais precisamente, no dia do seu aniversário - ia completar quarenta anos - que sentiu uma vontade forte de lançar fora de si velhos hábitos e convenções já enraizados no seu mundo interior.
Numa manhã bem clara, olhou para os canteiros que sua pequena Anabela, plantara no fundo do quintal quando ouviu ali arrufos e alguns movimentos entre as verdes ramagens. Era ele, o pequeno e devastador orelhudo, um belo coelhinho castanho dourado que se apropriava sem pudor das tenras cenourinhas que começavam a crescer terra adentro. Porém, Mark apenas observou e não fez nenhuma menção de atrapalhar "o almoço" do ladrãozinho esfomeado. Ficou ali parado, estudando suas reações e sentindo um grande prazer com toda aquela atividade, um dia conseguiria sua amizade, pensou.
Voltou para dentro de casa, jantou com a família e caiu na cama cansado, mal beijando sua mulher que, coitada, vivia atarefada com os seus intermináveis serviços domésticos, e pior, sem o seu carinho e diálogo.
Mark já não era mais o mesmo marido de antes, o mesmo amante envolvente e fogoso. Sentia-se como um autômato que tomava banho, escovava os dentes e fechava os olhos para que caísse sobre ele o esquecimento do mundo e seus insolúveis problemas.
Continuaremos depois...
Curtam aí o talentoso Raimundo Fagner e seus Canteiros.
As imagens são do filme "O Ano do Coelho" com uma das mais notáveis atuações de Christopher Lambert e um belíssimo roteiro baseado num livro muito sensível.
PS: Vou responder a todos os amigos que amavelmente me comentaram enquanto o nosso pc se encontrava em manutenção. Tudo vai voltar ao normal, se Deus quiser! Beijinhos...
16 comentários:
Oi Querida amiga!
Por vezes é mesmo necessário renovar os hábitos.
Belo conto. Volto para ler a continuação e te aguardaremos.
Beijocas.
Huum, vamos aguardar as surpresas
que virão desses canteiros...!?
Teu blog está cada dia mais primoroso, mais rico e mais bonito. Parabéns, Van, há muita
vida e beleza por aqui!1!
Um grande beijo
O coelho nos guiará por mistérios profundos.Embarquemos nesta iniciação e bela reflexão sobre a vida!
Grande beijo!
Rodrigo
Vanuza...o seu blog é uma delícia...de verdade, a começar do cinema antigo que nos acorda para outros cinemas de nossa juventude, a música sempre escolhida para aquecer o coração e o texto sempre primoroso.
Um abraço
Querida Amiga Vanuza
O teu talento de criar, histórias belas e de simplicidade, é algo digno de se conhecer. Sempre reflito, no quanto nos acrescenta ler aqui no teu espaço.
A canção também me encanta.
Beijos
Oi Vanuza querida
Adorei o conto, as vezes também sinto uma vontade forte de lançar fora de mim velhos hábitos e convenções...
Espero ansiosa a continuação...
Beijos
Ani
Rodrigo, meu amado, muito obrigada!Bjsss
Ficou um pouquinho demorado entrar
aqui: a internet se atravessou dizendo que havia "um problema". Será que não está um pouco "pesado", Van? quem sabe essas "notas musicais" que ficam circulando, que achas?
Esqueci-me de mencionar a foto do layout: achei o máximo essa fachada de cinema, coisa cada dia mais rara de se ver. Talvez ainda se encontre em alguma cidade do interior, não é?
Por aqui o "Dia da Consciência Negra" não é considerado feriado, o que acho lamentável, não pelo feriado em si, mas pelo significado dela. Acho que deveria ser Feriado Nacional!
Um beijo e ótimo feriado!!!
Brilhante o teu Conto! Mas, aqui entre nós, coitado do Mark, hein?
OI VANUZA!
MUITO LEGAL TEU CONTO, AINDA MAIS PELA MENSAGEM QUE ME PARECE TRAZER, DE QUE SEMPRE VALE A PENA NOS RENOVARMOS E LANÇARMOS FORA VELHOS PRECONCEITOS OU MANIAS QUE CARREGAMOS GRUDADAS EM NÓS POR MUITO TEMPO.
ESPERO A CONTINUAÇÃO.
ABRÇS
zilanicelia.blogspot.com.br
Oi cuidado com o coelho, reprodutor retado, viu? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Canteiros do Fagner me remete a tempos idos, beleza de música!
Tô vendo que aqui vai ser o ano do coelho também! kkkkkkk
Na realidade, esse seu texto tem tudo de bom e deve efervescer a curiosidade dos seus leitores até o último capitulo. Ô beleza! kkkkk
Mais um conto da zorra, agora, protagonizado pelo coelho e sua cartola, valha-me Deus! kkkkkkkkkkkkkk
Ei seu pc logo vai ficar bom!
O Sibarita
SI QUE SABES CREAR RELATOS!!!
ABRAZOS
Por vezes os animais nos ensinam...
Bj
Um post adorável. Nunca vi o filme...
Espero as melhoras do PC.
Beijo
Um conto fabuloso que nos enche de magia e pensar que tudo pode ser verdade...como por exemplo: um coelho por aqui...governar de verdade e não a fingir...
Sonhemos pois!
Beijos
Graça
Não vi o filme mas, concordo que os coelhos orelhudos são simpáticos e apetece enche-los de mimos...
Beijocas
Graça
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