terça-feira, 6 de março de 2012

Packard, um carro fraternal

Os carros de hoje. Troca-se um carro como quem muda de camisa, sem nenhum remorso e com um ar de desapego quase inescrupuloso, e ainda há o agravante de ter que ser um carro da moda, com nome sem graça, igualzinho aos outros, sem personalidade. Vidros fumê, o senhor e a madame saem para o trabalho sem dar um bom dia para o vizinho. Afundam os corpinhos sarados no conforto do possante. Fim.
Carros de ontem. Levavam a criançada da rua para a escola, eram espaçosos e conversíveis, de preferência. O caso do Packard grená era assim.
- Vizinho, pode dar uma carona pra minha patroa que vai ao hospital ganhar neném? Nada de recusa ou cara feia e ainda tomava-se uma cervejota para a comemoração do memorável evento. Era o xixi do bebê.Final de semana na praia, com certeza. Na capota do Packard sempre havia lugar para mais um, ou mais uns, quantos coubessem. Corpos suados, cabelos soltos ao vento, liberdade sem medo do perigo. Que ato de perigo teria a audácia de rondar a nossa felicidade?
O "bichão" vermelhão deslizava pelas estradas recém pavimentadas desses brasis tão virgens e verdinhos, mas com direito às barraquinhas de frutas à beira da estrada. Não tinha assalto. Inacreditável, né?
Todo mundo cantava em altos brados com mamãe puxando o coral. Se tinha rádio? Claro que tinha, mas só para ouvir o Repórter Esso. Ninguém desafinava nos anos dourados das décadas de 40 e 50.
Paro por aqui, estou ficando saudosista demais. Afinal, só queria falar da alegria de ser fraternal, amigo, leal, essas coisas que cheiram a mofo.
NB: A história do Packard, em resumo, é bem interessante. Foi um carro que nasceu de um desafio entre dois amigos engenheiros. Packard era o sobrenome de um deles e foi ele quem o lançou a público. Era um veículo fora de linha, fabricado num pequeno galpão em Ohio, Estados Unidos.Essa pesquisa e resgate histórico foram muito gratificantes para mim que passei uma boa parte da "minha infância querida" sentadinha lá na tal capota grená, pedindo (aos berros) pro papai correr, ir fundo. Afinal, como dizia o slogan da época:
"Ou você tem um carro, ou tem um Packard!"
A musiquinha? Que musiquinha que nada, é o maestro Tom Jobim em Anos Dourados.

34 comentários:

Anônimo disse...

Um encanto estes seus postes,de que já tinha saudade!
E é mesmo assim. Hoje,salvo raras excepções,está td como vc diz!
A sã Amizade, companheirismo,etc caiu em desuso.Passou de moda!
Para mim ñ! E gosto!
Belo texto.
Beijo.
isa.

Lúcia Laborda disse...

Minha amiga querida; lembrou bem um tempo em que as relações eram familiares entre amigos e até todos os pertences. Havia algo de caloroso e sentimental... Lembra do amor ao simples Fusquinha? Do prazer em dar uma volta no Gordine, com o carro cheio de amigos do colégio? rsrsrsrsrs
Ah, minha amiga! Quanta saudade desse tempo romantico... Tudo parecia ter luz e cor. As pessoas se sentiam felizes em simplesmente dar um bom dia as demais. Hoje passam uma pelas outras e nem se olham.
As vezes me pergunto: que mundo é esse, que não reconheço mais? Qual estarei deixando para meus filhos e netos?
Adorei seu post! Me fez voltar a um passado maravilhoso.
Beijos

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Aqui na Europa esses eram raros, mas sei do que falas e deu saudade, mesmo muita.
Também deu para sorrir, lembrando dos tempos da liberdade e do arrojo.

Gostei demais, Vanuza.

Beijo

Eduardo Cambuí Jr disse...

E aí, Vanuza!!!
Mas menina... esse seu post está muito legal! Pra começar, ter como música de fundo o maestro Tom Jobim já é algo considerável. E os carros... eu não cheguei a pegar a fase desses carros (nem mesmo do Sinca Chambord), mas tenho guardado comigo a vontade de ter um carro destes!
Bjão!

Everson Russo disse...

Realmente antigamente existia mais amor pelos carros,,,eles faziam mesmo parte da família,,,hoje são descartáveis como tudo na vida...beijos de bom dia pra ti amiga.

Desnuda disse...

Querida amiga,

Que crônica linda de um tempo que vivemos e não tão distante assim, mas que nos parece longe pela mudança louca e escandalosa dos valores desta época. Na verdade sentimos a distância de tudo isso porque carregamos inalteráveis estes valores saudáveis conosco de forma atemporal.

Beijos com carinho Van!

O Sibarita disse...

Raapaaazzzzzz! kkkk Dona moça Vanuza, realmente, esse carro era o tal da época, me marcou muito na infância, e como desejei ter um carro desse, só que eu morador da maré jamais teria essa condição de tê-lo, era sonho mesmo!

Muito porreta relembrar essas coisas!

O Sibarita

Evanir disse...

Dia 08 de Março, dia internacional da mulher.
Dia de quem começou menosprezada, sem voz, sem vez,
Dia de alguém que, talvez,
Nem se sentisse digna de um dia ser homenageada.
Não apenas como esposa e mãe, Como mulher!
Como ser especial,
de múltiplos dons e milagres.
O milagre do multiplicar.
Um Feliz Dia Das Mulheres.
Beijos .
Evanir.

Aracy Crespo disse...

Vanuza, minha flor passei para te desejar um feliz todos os dias das MULHERES!!. Você em especial pela minha profunda admiração... Beijos no seu coração.

Seus postes são invejáveis pela inteligência nas descrições e temas, quanta recordações eu tenho dos meus "Anos Dourados".

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

Desejo que todos os teus dias...se vistam de amanhecer
Que a tua alma seja inundada de paz...amor e esperança
Que a felicidade encha de alegria o caminho a percorrer
Sorri sempre à vida...e nunca te esqueças de ser criança

Feliz dia da Mulher
Um beijinho com carinho
Sonhadora

O Sibarita disse...

Fia, obrigado sempre pela bondade das palavras no Sibarita.

Ei, kkkkk se fossémos vizinhos com certeza eu estaria coladinho nesse Packard e aí, bem aí... kkkkkkk

VIM PARABENIZA-LA PELO DIA DAS MULHERES.

EITA MULHER DA ZORRA ESSA VANUZA MEU DEUS! KKKK

Peço licença e deixo uma poesia referênte a data.

Marias do mundo.

Dedicada à todas elas!

Chama por Deus, em clamor, lagrimas no rosto.
É, corta o vento da noite sacudindo o relento
Acorda Maria, anda de um lado para o outro
Olha para o céu num azul às avessas, cinzento

Pelo chão, vários filhos em caixas de papelão
O dia já lhe nasce banguelo, pedindo penico
Negra e do mundo, basta ouvir o seu coração
Mas, ninguém olha, ninguém vê esse abismo...

Assim, ronca a fome na palidez dos pratos vazios
Maria, mira os restos de lixos em manhãs ditosas
Dos afortunados nos espelhos refinados e frios
No mal dos nossos dias, em misérias expostas...

É mais um dia sudário, na cruz, Jesus sangra.
Penetra a fome no fundo, é uma faca azulada
Sem cabo, sem lâmina, sem dó, arma branca
Adentra dilacerando, auroras esquartejadas...

Ò meu Deus! Maria de fibra, guerreira Maria
Oito de março é o dia internacional da mulher
Glória a você, é seu dia também, mas, cadê?
Lembro você na essência, estranha ausência...

O Sibarita

Fá menor disse...

A vida modifica-se e modifica-nos.

Sandra disse...

Oiii, tudo bem
Vim lhe conhecer. Gostei. Temos alguém em comum aqui neste cantinho.
http://sandraandradeendy.blogspot.com/
Vou te esperar para descobrir quem é.
Até mais e desde já agradeço a sua visita.
Carinhosamente,
Sandra

Everson Russo disse...

Um bom sábado pra ti minha amiga, repleto de paz e carinho...beijos e beijos.

Sérgio Luyz Rocha disse...

Uau! Que crônica bem construída, pois sincera...
Sempre me pego pensando nisso dos anos dourados. Os dos meus avós foram os anos 1920, dos meus pais, os 1940...os meus...1970...na verdade, acho que a saudade é nós mesmos.
Mais um post inspirador.

Beijos!

Kamilla Barcelos disse...

Meu irmão é apaixonado por carros antigos. Essa magia dos carros de outrora ainda permanecem lá em casa.

Lúcia Laborda disse...

Aqui novamente, apreciando seu belo post, sonhando com um tempo romântico, onde as coisas eram mais amenas e familiares.
Boa semana! Beijos

Sandra disse...

Amei a sua presença.
É sempre muito bom ter amigos assim, tão pertinho da gente.
Amigos agente traz no coração.

"Amizade

A verdadeira amizade é uma pérola
de valor inestimável.

Cultive a amizade.
Corresponda às gentilezas.
Não se encolha.
Nem se afaste dos outros.
Aproxime-se.
Há muito de amor trancado em você.
Procure ser o amigo das horas difíceis.
Dê demonstrações de sua amizade,
mas não espere ser correspondido(a).
Compreenda que nem todos
são como você.
Tolere as faltas dos seus amigos.

Tenha amizade pura e desinteressada.
Não deixe que o tempo a consuma.

Não pode ser amigo,
quem não AMA INCONDICIONALMENTE".


Carinhosamente,
Sandra
Obrigada pelo seu carinho tão especial.
Agradeço a visita e a sua companhia.
Até mais.

Anônimo disse...

EXCELENTE CRÓNICA.
UN ABRAZO

Graça Pereira disse...

Minha Querida
Quem disse que o carro não cria laços com as pessoas??? Olha só o meu Boguinhas, o Fiat 500 (antigo), vermelho que nem uma cereja, comprado com os meus primeiros vencimentos! Orgulho e maioridade conquistada com um volante nas mãos.Seis amigas (comigo sete) meti eu lá na caixa de fósforos! A minha mãe ralhava-me: o teu carro parece o carro do povo!! Fui feliz com ele e nele, durante dez anos!!
Um dia avariou numa rua movimentada e parecia um burro especado no meio, impedindo o trânsito...Vieram seis ou sete amigos meus (todos homens) pegaram nele e colocaram-no direitinho na berma do passeio!!
Histórias??? Muitas! O criado, encarregado de levar uns sacos para a bagageira do Boguinhas, veio a correr dizer: Xi, menina, aquele carro está avariado, não tem bagageira (que ficava na frente, como é sabido...)
Estive ausente na saudade mas...voltei!
Vou renovar-me com a primavera que está aí a chegar!!
Beijocas doces.
Graça

Graça Pereira disse...

Minha Querida
Quem disse que não se cria laços com as nossas viaturas?? Olha o meu Boguinha (Fiat 500 antigo) lá no meu blogue!! Vermelhinho como uma cereja e comprado com os meus primeiros vencimentos! Orgulho e maioridade conquistadas com um volante nas mãos.
Um dia meti lá seis amigas e comigo, sete!!
A minha mãe ralhava e dizia-me: Parece o carro do povo!
Um dia avariou no meio de uma rua com muito trânsito! Parecia um burro empecado ali, impedindo o trânsito. Vieram seis ou sete amigos (todos homens) pegaram nele e colocaram-no direitinho na berma do passeio... Muitas e belissimas histórias com ele! Foram dez anos onde fui feliz com ele e nele!
Estive ausente no deserto mas...voltei!
Beijo doce
Graça

Anônimo disse...

Querida amiga; saudade desse tempo em que vivíamos sem medo, onde a nossa liberdade terminava onde começava a dos demais. Acho que essa imagem me fez voltar no tempo e sonhar com coisas que não voltarão jamais.
Beijos

Anônimo disse...

Querida amiga; saudade desse tempo em que vivíamos sem medo, onde a nossa liberdade terminava onde começava a dos demais. Acho que essa imagem me fez voltar no tempo e sonhar com coisas que não voltarão jamais.
Beijos

O Árabe disse...

É, Vanuza: eu ainda me lembro do Packard. E do Simca Jangada, do Aero Willys, do Dodge Dart. Tempos de carrões e... pessoas bem mais integradas! :) Boa semana, amiga.

O Sibarita disse...

E quando sairá o ODSMOBILLE concorrente da época do PACKARD? kkkkk

Você é muita da porreta, viu?

O Sibarita

cirandeira disse...

Minha querida, dizem que "a saudade mata a gente", mas eu não concordo, porque reaviva momentos
que foram importantes em nossas vidas, nos fornece parâmetros para
que possamos preservar alguns valores de convivência humana, de solidariedade e de respeito pelo
outro. Hoje em dia o carro é utilizado como uma arma contra as pessoas, pois as pessoas, equivocadamente, sentem-se superiores, quanto mais caro o "possante", mais estufam o peito!
Felizmente, tenho conseguido viver muito bem sem a aquisição de um carro, não sinto a menor falta, ao
contrário, acho que eles infernizam as nossas vidas, principalmente nas grandes cidades.
Muito bonita a composição de Jobim/Chico Buarque, esses grandes mestres da MPB.

um beijo grande, querida

MARTHA THORMAN VON MADERS disse...

Mas você é demais minha amiga, uma verdadeira fazedora de sonhos. ,
Mara vilhoso
Tá hora de escrever um livro amiga , falo sério você é absurdadamente.A melhor!
Martha
Beijos
Um carinho

Daniel Costa disse...

Querida Vanuza

Como é bom recordar outros tempos que lá vão. O velho "Packard" e os seus tempos é a recordação de infância. Eu e meu irmão à beira de uma das princiaia estadas do pais (dessa altura), numa bricadeira, contavamos os automóveis que passavam. Chegámos a contar uma hora de intervalo.
Amei de verdade o que recordaste.
Deste post, sei por acaso. te vim dizer que o TOP SERET OLAVO, tem nova capitulo.
Beijos

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

Um texto nostálgicamente belo, era mesmo assim, todos se ajudavam com um sorriso.
Hoje ninguém tem tempo para ninguém.

Um beijinho com carinho
Sonhadora

Anônimo disse...

Querida Vanuza; essa musica tem tudo a ver com o post! Lembro com saudade desse bom tempo.
Um domingo cheio de realizações, amor e paz.
Beijos

Sandra disse...

Fiquei muito feliz em te ver no blog.
Amei..
Hoje é domingo e venho lhe fazer uma visita bem especial. Agradecer pelas visitas que fizeste ao blog. Agora só posso retribuir nos finais de semana. Tenho um pouco mais de tempo.

Gosto das Pessoas que são Gente muito Espciais.

"Gosto de Gente que ama e curte saudades, gosta de amigos, cultiva flores, ama animais.
Admira paisagens, poesia e mares.

Gente que tem tempo para sorrir bondade, semear perdão, repartir ternuras,
compartilhar vivências e dar espaço para emoções dentro de si,
emoções que fluem naturalmente dentro de seu ser".

Um grande abraço bem Especial para Ti.
Sandra

Lúcia Laborda disse...

Querida amiga; não importa a frequencia que passe por lá, sei que nem sempre podemos. O importante é que sei que quando pode vai sim. Sua presença é muito importante, mas entendo perfeitamente. Não são as ausência que nos sinalizam que estamos esquecidos, porque os verdadeiros amigos moram em nossos corações, ainda que nem sempre possamos ver sempre.
Boa semana!Beijos

O Árabe disse...

Aguardo o próximo post, Vanuza! :) Boa semana.

Benno disse...

É certamente um carro digno de estrelar um filme.
Beijos