quinta-feira, 5 de junho de 2008

JOÃO E A PEDRA...A PEDRA E JOÃO...JOÃO E A PEDRA...

JOÃO E A PEDRA
Falar de João Cabral é "chover no molhado". Desde muito cedo, admiro a sua OBRA que dizem ser "seca", sem frescuras poéticas. Mas, é assim mesmo que a gente admira esse pernambucano de uma timidez intransponível, mas dotado de uma CONSCIÊNCIA SOCIAL extraordinária do nosso tempo. Citam e cantam sua "MORTE E VIDA SEVERINA", porém foi a "EDUCAÇÃO PELA PEDRA" que nunca saiu da minha cabeça. Quando estudei Direito tive um professor de Penal que havia sido seu secretário e com ele viajou pela Espanha e, frequentemente, o relembrava como uma das figuras mais simples e educadas que já conhecera, tão diferente dos falsos poetas e intelectuais que hoje chafurdam por aí em busca do sucesso efêmero e falso.



A Educação pela Pedra (João Cabral de Melo Neto)

Uma educação pela pedra: por lições;
Para aprender da pedra, freqüentá-la;
Captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
Ao que flui e a fluir, a ser maleada;
A de poética, sua carnadura concreta;
A de economia, seu adensar-se compacta:
Lições da pedra (de fora para dentro,
Cartilha muda), para quem soletrá-la.

Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
E se lecionasse, não ensinaria nada;
Lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
Uma pedra de nascença, entranha a alma.

23 comentários:

Anônimo disse...

A objetividade de João Cabral de Melo Neto,ocultava uma filosofia silenciosa ligada ao Sertão e seu caos social,mas também analogia do ser uiversal. Obra árida, refletindo o social-existencial do Nordeste,do homem simples,porém misterioso. A riqueza e a perfeição dos versos de Cabral,é sem igual na moderna literatura brasileira. Obrigado pela mais que merecida lembrança.

Anônimo disse...

Intelectuais,não, o que vemos são uma multidão de oportunistas e incompetentes vomitando escabrosidades, um nojo!

Carlos Diego Córdoba (PhD) disse...

Gracias por hacernos conocer los maravillosos poetas brasileños.
Es una MARAVILLA que el poeta saque tanta ternura y enseñanzas de .. ¡¡la piedras!!

Una delicia

Anônimo disse...

Quem se educa com as pedras aprende mais, pois se acostuma com a aspereza do mundo. Um poema que vale como uma grande lição de vida.Dá-lhe!

Anônimo disse...

E essa pedra se chama Brasil!

Anônimo disse...

LINDO! LINDO! LINDO!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carlos Diego Córdoba (PhD) disse...

Buenísimo lo de granito, pero la idea es demolerlos con el buril de la ironía.
Boris Vian decía que el humor es la cara civilizada de la desesperación.
Mi querida Vanuza, por eso escribo lo que escribo, y los amigos blogueros tienen mucho para aportar en ese sentido.

Anônimo disse...

As pedras muito têm a nos ensinar, como as montanhas de Itabira ensinaram a Drummond. Esse, eu quero ver por aqui também.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

A vida, por si só, já é uma pedreira, minha amiga e culta escritora.Te admiro!

Anônimo disse...

" AO QUE FLUI E AO FLUIR..." A pedra alquímica de João me transformou também.

Anônimo disse...

Quantas pedras nos atiram, mas temos que juntá-las para construir uma bela e aconchegante casa, aí, sim as pedras se transformam e quem as atirou fica desabrigado.

Adriano disse...

A educação é algo que deve ser passado com técnicas, ética e moral. Infelizmente, tudo é depreciativo. Guilherme

Tita "I Love Jesus!" disse...

Depois do comentário absolutamente perfeito do Rodrigo, o que dizer?
Apenas aplaudir-te! Oportuno, merecido e muito bem vindo esse sopro de ar puro e beleza poética.
Ler-te é aprender, sempre! Beijosss

Anônimo disse...

E as pedras do caminho são do pranto que chorei.

Anônimo disse...

Nós só aprendemos de duas formas: pelo amor e pela dor. As pedras são necessárias também. Obrigada!

Cinéfilo disse...

João Cabral, da Geração de 45, um homem de cultura imensa, um ser humano inigualável.

Anônimo disse...

Poema de uma estranha beleza que só um gênio poderia produzir.

A Voz da Floresta disse...

Até as pedras têm voz nos poemas desse poeta mais que brasileiro.

Anônimo disse...

O João tirava leite das pedras!

Anônimo disse...

Com a fertilidade poética de João até as pedras falavam.

Max Vozes disse...

Muita gente ainda tropeça, cai e não retira as pedras do caminho dos seus semelhantes.